terça-feira, 11 de outubro de 2011

A base da moral e da ética é a compaixão e a empatia, e não a vergonha ou o medo


Uma vez uma babá que trabalhou conosco me disse que ela costumava ensinar aos filhos o temor a Deus. Para ela, ser temente a Deus seria quase um sinônimo de ser boa pessoa. Ora, mas se a pessoa só faz o bem porque teme a Deus, não é realmente uma boa pessoa. Boas pessoas não fazem o bem porque têm medo de Deus (ou dos pais), e sim porque se importam com as outras e procuram não construir o seu benefício pessoal sobre o mal para os outros.

Não gostaria que minha filha temesse a Deus. Também não gostaria que ela crescesse cheia de culpa. Assim, nunca digo: "puxa filha, eu faço tanto por você, você tem que fazer isso por mim".

Gostaria que ela tivesse compaixão (não pena, mas com+paixão, que é sentir junto), com a percepção de que os outros são parte dela mesma, que ela consiga sentir junto e se importe com o sofrimento e a alegria dos outros, que sinta isso junto. Não é muito fácil ensinar isso, nem se ensina de uma hora para a outra. Isso se constrói aos poucos, moldando a identidade para que ela perceba os efeitos de suas ações e aprenda a se colocar no lugar dos outros. Envolve fortalecer sua capacidade de empatia (perceber o que os outros pensam e sentem pela perspectiva deles).

A empatia é uma qualidade especial da inteligência humana, e ela não só permite e fortalece um comportamento moral e eticamente adequado, mas é também importante para que a criança mais tarde domine mais seu ambiente social, pois ela entenderá as motivações dos outros. A empatia e a compaixão foram selecionadas pela evolução, e refinadas mais ainda na evolução humana, para permitir aos nossos ancestrais sobreviver a partir da cooperação com os outros, e a sobreviver na competição com os outros (até mesmo para caçar era importante, pois sabendo para onde vai a presa, e como ela reagirá, o caçador tem mais sucesso). Fortalecer essas qualidades fortalece a pessoa diante de seu ambiente social. 

A empatia e a compaixão permitem também aprendermos com os erros dos outros. Assim, além de tornar minha filha uma pessoa mais legal, uma boa pessoa, esse tipo de educação fará com que ela seja uma pessoa mais inteligente.Assim, aprender a fazer o bem a partir da compaixão e da empatia é bom para o indivíduo e para a sociedade. Por que insistir no medo e na punição? 

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