_ Ele é seu parente e você tem que cumprimentá-lo.
_ Mas eu não quero...
_ Não interessa. É uma questão de educação! Vai lá agora e cumprimente seu tio!
Revoltado, o menino cumpre o que pediu sua mãe.
Veja o que revela essa discussão, aparentemente muito legítima, entre mãe e filho:
- A mãe aparentemente está tentando ensinar boas maneiras ao filho.
- Entre as boas maneiras, está considerar os sentimentos dos outros, no caso, dos parentes adultos.
- O filho não quer cumprimentar os parentes como quer a mãe.
- A mãe desconsidera os sentimentos do filho.
- Quando o filho reclama, ela ensina que ele deve desconsiderar seus próprios sentimentos.
- Ao fazer isso, ela ensina ao filho a NÃO considerar os sentimentos dos outros.
- O menino fica com raiva da mãe e do parente que foi forçado a cumprimentar.
- O menino aprende que deve ser falso, mas não aprende a gostar do parente em questão.
- Após cumprir a obrigação de um cumprimento falso, o menino é dispensado para fazer aquilo que queria (por exemplo, brincar com os amigos).
- A mãe fica satisfeita. Mas por quê?
A mãe conseguiu o gesto que queria do filho, mas conseguiu ensinar alguma coisa importante para a criança?
Não. O menino continua sem saber quem é aquele parente, eles não se conheceram, não estabeleceram vínculo. O menino agora gosta menos do parente e se ressente da falta de consideração da mãe com seus sentimentos.
A mãe se satisfaz. Ela sabe que o menino não aprendeu nada que ela supostamente queria ensinar. Ela se satisfaz porque seu real motivo não era educar seu filho, era não passar vergonha diante dos parentes. O menino cumpriu sua obrigação social. E isto está bom.
Então, como faz?
- O primeiro passo para ensinar seu filho a considerar os sentimentos dos outros é considerar os sentimentos dele.
- Respeite a dificuldade da criança em se comportar como um adulto.
- Diga o que espera dele e porque isso é legal.
- Não obrigue seu filho a fazer algo só "por educação" sem uma explicação melhor.
- Dê a ele oportunidades para que conheça as pessoas (no caso, os parentes) de verdade: isso exige tempo, convivência, nem que seja por telefone.
- Conte histórias sobre as pessoas (no caso, os parentes) que ele conhece pouco e que encontrou ou vai encontrar em ocasiões sociais.
- Conte histórias sobre seu filho às pessoas (no caso, aos parentes) que não o conhecem bem.
- Ensine o valor de cultivar bons relacionamentos e deixe que ele aprenda a aplicar esse valor com as pessoas que conhece menos.
- Não estimule a hipocrisia.
- Não desperdice as oportunidades para que vínculos de verdade com as pessoas sejam estabelecidos.
educar é muito mais do que fazer a criança obedecer (às vistas dos pais)
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