quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A Bíblia, o castigo e a “Lei da Palmada”

Alguns evangélicos acreditam absurdamente que a Lei da
Palmada ameaça os preceitos bíblicos (veja na fonte
desta ilustração). Pelo jeito não leram o que disse Jesus...

No debate da proposta da “Lei da Palmada”, curiosamente, alguns evangélicos se destacam na oposição às restrições aos pais sobre as formas de castigar os filhos. Por exemplo, o influente pastor Silas Malafaia afirma que Lei da Palmada é “palhaçada de deputado que não tem o que fazer” e promete campanha contra.

Dizem que o castigo é recomendado (ou prescrito) pela Bíblia, esquecendo o que disse Jesus há 2000 anos.
Neste post, mostramos que Jesus não recomenda o castigo físico e que, na verdade, contradiz o que havia sido escrito na Bíblia antes de Sua mensagem.

Para defender o castigo físico, os evangélicos conservadores citam as seguintes passagens bíblicas:
Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá.
Castigue-a, você mesmo, com a vara, e assim a livrará do inferno (Provérbios 23:13-14).
Castiga o teu filho, e te dará descanso; e dará delícias à tua alma (Provérbios 29:17).
Castiga o teu filho enquanto há esperança, mas não deixes que o teu ânimo se exalte até o matar (Provérbios 19:18).
Sabes, pois, no teu coração que, como um homem castiga a seu filho, assim te castiga o SENHOR teu Deus (Deuteronômio 8:5).
Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho (Hebreus 12:6).
Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? (Hebreus 12:7).
O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga (Provérbios 13:24).
Entretanto, os cristãos defensores do castigo físico se esquecem que foi o fundador de sua religião (Jesus Cristo) que há 2000 anos aboliu todas essas recomendações anteriores à sua mensagem, como pode ser visto nestas passagens do Novo Testamento:
Trouxeram-lhe também criancinhas, para que ele as tocasse. Vendo isto, os discípulos as repreendiam, Jesus, porém, chamou-as e disse: Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas. Em verdade vos declaro: quem não receber o Reino de Deus como uma criancinha, nele não entrará (Lucas 18,15-17).
Todo o que recebe a uma destas crianças em meu nome, a mim é que recebe (Mc 9,37).
Quem me procura, me encontrará nas crianças. É nelas que me revelarei (Palavra de Jesus segundo Hipólito).
Deus sempre privilegia o que é pequeno, rejeitado: as crianças, as mulheres, os doentes, os pecadores, os estrangeiros...
Os cristãos que batem em seus filhos deveriam se lembrar do que disse Jesus:
Todas as vezes que fizeste isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizeste” (Mateus 25,40).
Ou seja, quando bate em seu filho, o cristão bate em Jesus. Quando maltrata uma criança, o cristão maltrata Jesus. Por fim, os cristãos que acham que sabem mais que as crianças, e que por isso podem castigá-las e fazer delas sua propriedade, deveriam lembrar melhor o que disse Jesus:
Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos (Lucas 10,21). 

PS: Eu não acho que a Bíblia deva guiar o nosso comportamento de forma literal, mas tem gente que acha.Para mim, é um documento que precisa ser interpretado à luz de seu tempo (quase 2000 anos atrás, ficando congelada desde então) e lugar (Palestina, Israel), entendendo por quem foi escrito (hebreus) e para quem foi escrito (hebreus, na maior parte, e romanos no Novo Testamento).

Em vez da Bíblia, acredito que as pessoas (incluindo pais e filhos) devam basear seu comportamento na compaixão, na ética e na razão. Estes três critérios tornam o castigo físico da criança não recomendável pois é destituído de compaixão (normalmente é movido pela impaciência e pela raiva), não é ético (pois é covarde e envolve a violência contra o indefeso que, em si, não é ética), e não é racional (por que não é a forma mais eficiente de educar; na verdade, não educa).

Veja também este post.

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