terça-feira, 25 de outubro de 2011

Castigos não ensinam nada

Em vez de castigo: tempo pra pensar

Está muito impregnada nos pais, e até nos psicólogos, a idéia de que os filhos precisam de disciplina e castigo quando se comportam mal. O castigo deve, supostamente, funcionar para prevenir um novo mau comportamento. Por isso, o castigo que recomendam é castigo mesmo. Temos que punir os filhos que se comportam mal ou seremos pais omissos e fracos. Temos que punir, mas não podemos bater. Podemos tirar o brinquedo, proibir o computador, a TV ou o videogame, deixar no cantinho do castigo. Só não pode bater, mas qual a diferença? A premissa é a mesma: a criança aprende com o castigo.

A questão é: castigo ensina? Ensina o que? 

Minha experiência com uma criança de até cinco anos é que castigo não ensina, só amedronta e revolta, e eu não quero que minha filha se comporte bem por medo do castigo, que enfim, seria medo de mim, nem que cresça revoltada.

Em vez de castigar, ajudo minha filha a ficar consciente de seu comportamento e de seus efeitos no mundo.
Então, defendo o fim do castigo punitivo, ao menos até essa idade, e proponho um “castigo-tempo-para-pensar”. Não precisa ser desagradável, não precisa ser no banquinho do castigo, pode ser no quarto mesmo, na cama, até na companhia dos bichinhos de pelúcia. O que é importante é que o castigo seja um tempo para pensar sobre o que se fez, e refletir no porque o pai ou a mãe não gostaram do comportamento. Na hora em que a criança entender o que fez, está bom para ter abraços e carinhos, e ser recompensada pelo seu esforço de auto-crítica. 

Então, quando minha filha se comporta mal, ela é recompensada (e não punida), mas só quando entende que o que fez não foi legal. Aí ficamos mais próximos e unidos.

Bem, eu não tenho experiência com filhos mais velhos. Mas acho que não deve se justificar o castigo, pois quanto maior a criança, mais capaz de entender as coisas ela é. Se a base de carinho e vínculo com os pais for boa, mais ela vai se esforçar para se comportar bem.

Castigo só cria revolta e medo. Não é uma boa base para ética, a moral, ou para guiar o comportamento. Os pais não devem ser os juízes, uma vez que nem sempre (ou até raramente) conseguem ser justos. Em vez de castigar, ajudo minha filha a ficar consciente de seu comportamento e de seus efeitos no mundo. Ela deve aprender a ser a juíza de si mesma.

PS: Para ler um post sobre disciplina, clique aqui.

[Atualização: tenho aprendido que o isolamento também pode ser sentido como uma punição e que, ao contrário de isolamento, a criança pode estar precisando de carinho e atenção. Atualmente, uso o carinho para evitar que uma crise fique tão forte que eu e ela precisemos ficar isolados. O esforço de auto-crítica continua sendo recompensado com elogios, mas não é preciso que ela fique isolada para fazer isso. Tem muito muito tempo que nem penso em castigo, seja de que tipo for]. 

6 comentários:

  1. Ronaldo! Muito legal toda a proposta, difícil é a gente mudar nosso comportamento e não se entregar às facilidades do autoritarismo... grande desafio! Mas com certeza é o caminho ;)

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  2. Obrigado, Jô! Que bom que gostou! Mas discordo quanto às facilidades do autoritarismo. Na verdade, educar sem autoritarismo é muito mais fácil, reduz os conflitos, melhora o comportamento, e é mais prazeroso para pais e filhos. E até agora a minha experiência me ensinou que isso só melhora.

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  3. sim, facilidade no sentido do imediatismo na reação de uma situação de birra, mas com certeza em uma escala mais ampla é mais facil conseguirmos nos comunicar com nossos filhos com essa proposta que vc colocou. Para isso, precisamos nos reeducar... abçs

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  4. Ronaldo , com crianças mais velhas funciona tb , nunca consegui manter castigos e proibições por pura falta de vontade , então descobri que eram totalmente desnecessários . Pisou na bola , uma boa conversa e bola p´ra frente .

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  5. Não acredito numa receita pronta de como educar os filhos. Antes de pensar em educar os filhos os pais precisam fazer uma autoavaliação, ver o que está passando para eles com suas atitudes. A criança aprende mais observando, lógico que precisa ser orientada.
    Não adianta querer que a criança seja o que você nunca foi.

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  6. Uma atualização: tenho aprendido que não é legal deixar a criança necessariamente sem atenção neste "tempo para pensar". Dá para pensar junto. Dá para evitar que a situação se torne tão crítica a ponto de precisar de um tempo não só para pensar, mas também para se acalmar. Castigo não ensina aquilo que quero ensinar,

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