quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Não inventar regras desnecessárias

Quando as regras são necessárias? Quando as pessoas não podem usar o bom senso e a compaixão.


 Não gosto de regras, mas tem gente que acha que elas são uteis. As regras definem com regularidade como devem ser os comportamentos. Entretanto, guiar-se por regras é abrir mão do pensamento, da análise, enfim, da consciência. O comportamento consciente geralmente não precisa de regras se as pessoas tiverem compaixão e se importarem com o bem estar dos outros. Neste post explico minha visão sobre as regras, uma visão que costuma funcionar bem com a minha filha. 

Em vez de regras, prefiro ensinar as razões pelas quais recomendo um comportamento, não gosto de outro, etc.  Como diz o Tao Te King,
Quem não tem a visão de Tao
Age por virtuosidade.
Quem não tem virtuosidade
Age pela caridade.
Quem nem disso é capaz
Obedece a ritos e tradições.
Mas a dependência de ritualismos
É o ínfimo grau da moralidade.
É mesmo o início da decadência.
(...)
Pelo que, atende a isto:
O homem correto
Age por uma lei interna,
E não por mandamentos externos.
Bebe as águas da Fonte,
E não dos canais.
Transcende estes
E vai sempre à origem daquela.
Regras não compreendidas tornam-se desconfortáveis e as pessoas (crianças ou não) tendem a burlá-las.  Quando se impõe uma regra sem explicação, se ensina a mentira, a malandragem e a resistência.

Na primeira escola da Sofia, havia os “combinados”. Combinados são regras que não são impostas. Gosto mais de combinados que das regras, mas acho que o importante é que se possa usar o bom senso e a compaixão (ou a visão do Tao), em vez de regras impostas ou combinadas, mas não explicadas ou justificadas.

Apesar de ser contra a imposição de regras desnecessárias e injustificadas (não explicadas à criança), acredito que se deve ensinar a respeitar as leis (e outras regras externas à família). Não me preocupo que minha filha não aprenda a obedecer a regras só porque evito estruturar sua educação em casa em torno delas. O mundo está cheio de regras impostas às crianças e não é preciso que a família invente mais. Por exemplo, as escolas pedem uniformes, horários de entrada, deveres de casa... quase tudo sem justificativa. Por que uniforme? Por que o sapato tem que ser azul ou branco? Por que a meia tem que ser branca? Algumas dessas regras podemos explicar, ou inventar a explicação, mas para outras podemos acabar com a explicação mais estúpida: “Por que é a regra? Porque sim.” Como diz minha filha, “porque sim” não é resposta, mas às vezes tem que ser.

Assim, fico tranqüilo. Há regras de sobra. Talvez, regras demais. Entretanto, pode faltar espaço para o comportamento consciente, e para a recomendação bem explicada pelos pais. 

Em casa, enfatizo a consciência, em vez da obediência.

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