Não gosto de regras,
mas tem gente que acha que elas são uteis. As regras definem com regularidade
como devem ser os comportamentos. Entretanto, guiar-se por regras é abrir mão
do pensamento, da análise, enfim, da consciência. O comportamento consciente geralmente
não precisa de regras se as pessoas tiverem compaixão e se importarem com o bem
estar dos outros. Neste post explico minha visão sobre as regras, uma visão que costuma funcionar bem com a minha filha.
Quem não tem a visão de Tao
Age por virtuosidade.
Quem não tem virtuosidade
Age pela caridade.
Quem nem disso é capaz
Obedece a ritos e tradições.
Mas a dependência de ritualismos
É o ínfimo grau da moralidade.
É mesmo o início da decadência.
(...)
Pelo que, atende a isto:
O homem correto
Age por uma lei interna,
E não por mandamentos externos.
Bebe as águas da Fonte,
E não dos canais.
Transcende estes
E vai sempre à origem daquela.
Regras não compreendidas tornam-se
desconfortáveis e as pessoas (crianças ou não) tendem a burlá-las. Quando se impõe uma regra sem explicação, se
ensina a mentira, a malandragem e a resistência.
Na primeira escola da Sofia, havia os “combinados”.
Combinados são regras que não são impostas. Gosto mais de combinados que das
regras, mas acho que o importante é que se possa usar o bom senso e a compaixão
(ou a visão do Tao), em vez de regras impostas ou combinadas, mas não
explicadas ou justificadas.
Apesar de ser contra a imposição de regras desnecessárias e
injustificadas (não explicadas à criança), acredito que se deve ensinar a
respeitar as leis (e outras regras externas à família). Não me preocupo que minha
filha não aprenda a obedecer a regras só porque evito estruturar sua educação em
casa em torno delas. O mundo está cheio de regras impostas às crianças e não é
preciso que a família invente mais. Por exemplo, as escolas pedem uniformes,
horários de entrada, deveres de casa... quase tudo sem justificativa. Por que
uniforme? Por que o sapato tem que ser azul ou branco? Por que a meia tem que
ser branca? Algumas dessas regras
podemos explicar, ou inventar a explicação, mas para outras podemos acabar com a
explicação mais estúpida: “Por que é a regra? Porque sim.” Como diz minha
filha, “porque sim” não é resposta, mas às vezes tem que ser.
Assim, fico tranqüilo. Há regras de sobra. Talvez, regras demais. Entretanto, pode faltar espaço para o comportamento consciente, e para a recomendação bem explicada pelos pais.
Em casa, enfatizo a consciência, em vez da obediência.
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