A simetria é um conceito intuitivo muito fácil de entender, mesmo por crianças de cinco anos de idade, e serve para ensinar diversas coisas, incluindo valores e comportamentos. Para explicar qual o comportamento esperado, pode-se mostrar o comportamento simétrico. Por exemplo, hoje à noite, já reduzindo a velocidade para ir dormir, minha filha me pediu água, mas sem pedir por favor e sem agradecer. Aplicando disciplina (sobre mim), não deixei passar e cobrei o “obrigada” ao trazer a água, que ela disse de má vontade, com vergonha, quase como um miado. Eu usei a simetria: “Você pediu água e eu fui buscar. Você me viu reclamar? Fui de má vontade? Então por que você está dizendo obrigada assim, de má vontade?” Ela entendeu. “Obrigada!”
O que é simétrico é belo, saudável, elegante. O assimétrico
passa a impressão de desequilíbrio, doença, fraqueza, bagunça. Simetria é um conceito natural e é o que
orienta nossa noção de justiça. Por isso, um bom ponto de partida para a educação.
Mas como ser simétrico na relação entre pais e filhos se
esta for estabelecida no autoritarismo, nos maus tratos, na falta de diálogo? O
que podemos esperar de filhos tratados assim no primeiro momento em que forem
capazes de restaurar a simetria? Acho que vamos encontrar revolta, grosseria,
falta de educação, distanciamento e a impressão de apatia. Hum... tem cara de
adolescência, né? Justo a oportunidade de os filhos restabelecerem a simetria,
tornarem-se espelhos dos pais. Minha hipótese a ser testada daqui a seis ou
sete anos: se eu não gostar do que verei na minha filha adolescente, deverei olhar
para mim mesmo e avaliar se o que não gosto é somente um reflexo simétrico de
mim mesmo. E o que gosto também...
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